Teoria eliasiana e as relações sociais na educação especial brasileira

Flávio Lopes dos Santos, Alexandre Bazilatto, Edson Pantaleão

Resumo


O presente ensaio objetiva usar conceitos da teoria sociológica figuracional de Norbert Elias para analisar a interdependência entre Estado, escola e o estudante público-alvo da Educação Especial no Brasil. As teses eliasianas ajudam-nos a explicitar os contextos sociológicos do estudante na Educação Especial, evidenciando as relações existentes na teia social (família, amigos, escola, cidade, estado, entre outras) no qual encontra-se inserido. Apesar do autor não abordar questões diretamente relacionadas ao campo da educação e Educação Especial, sua teoria nos conduz a afirmar que o estudante público-alvo da Educação Especial, apesar de se tratar de um homines aperti, também é um outsider, modelável por suas experiências de vida dentro de um grupo, mas carregado com estigmas gerados pelos aspectos biológico e sociais que geram uma identificação social e estigmatização do ser. O palco dessas inter-relações é o ambiente escolar, com função importante no processo civilizador, para (re)produzir comportamentos, pensamentos e ações. O indivíduo só se humaniza ao aprender a agir, falar e sentir no convívio com os outros de forma que seja aceitável socialmente e aqueles que não se adequam a esse modelo de comportamento tem o acesso a instrumentos de poder de forma restrita ou nula, fenômeno já comprovado historicamente no Brasil, como por exemplo, a segregação desse público do ambiente escolar. Portanto, os conflitos característicos dessas inter-relações no ambiente escolar e a política educacional do Brasil tornam evidentes as problemáticas sociológicas do estudante da Educação Especial, facilitando o entendimento das disputas e o equilíbrio na teia social.


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