Usos da teoria dos processos civilizadores no Brasil: análise do estado do conhecimento

Ana Flávia Braun Vieira, Miguel Archanjo de Freitas Junior

Resumo


Embora a teoria dos processos civilizadores tenha sido desenvolvida por Norbert Elias na década de 1930, sua apropriação pelos pesquisadores brasileiros ainda é recente. Até 2009, as produções brasileiras com este referencial seguiam utilizando aspas para citar literalmente o autor, sem necessariamente produzir novos conhecimentos a partir dela. Todavia, acredita-se que este cenário esteja se modificado. Diante do crescente interesse dos pesquisadores pela abordagem sociológica de Elias, faz-se necessário identificar o estágio atual de apropriação da teoria dos processos civilizadores. Assim, buscando conhecer a maneira como tem sido utilizada, foi realizado o mapeamento e a análise das produções das Ciências Humanas e Sociais que a adotaram para estudar empiricamente figurações brasileiras. Para tanto, foram empregados os pressupostos das pesquisas sobre o Estado do Conhecimento aliados à Análise de Conteúdo. O acesso às publicações ocorreu por meio da consulta dos termos “processo civilizador”, “Elias” e “Brasil” nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Portal de Periódicos CAPES/MEC. Ao todo, oito foram as produções analisadas, por meio das quais se constatou que a maior parte das pesquisas foram desenvolvidas em instituições de ensino superior da região Sudeste e publicadas em revistas de perspectiva histórica bem avaliadas. Sobre os usos da teoria, a análise demonstrou que os pesquisadores brasileiros têm apresentado avanços em relação às proposições originais de Elias, especialmente no sentido de uma emancipação metodológica em relação ao recorte temporal. No entanto, trata-se ainda de uma posição intermediária, situada entre a citação direta e a produção de novos saberes.


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