Religião e processo civilizador: tentativas de estabelecer um diálogo entre Weber e Elias
Resumo
No conjunto de sua obra, Norbert Elias afirmou mais de uma vez que a religião não teve nenhum papel na mudança dos costumes em um sentido de refrear impulsos violentos. O posicionamento do autor era o de que as religiões apenas acompanhavam passivamente as condições do processo, sendo mais ou menos violentas de acordo com a época e contexto em questão. Por outro lado, os textos de Max Weber trouxeram contribuições para compreender em que nível as éticas religiosas podiam influenciar comportamentos, em que aspirações extramundanas interfeririam em ações intramundanas. Na tentativa de construir uma ponte de diálogo entre os dois autores, buscamos apresentar nesse trabalho uma possível inserção da temática da religião no debate da abrangência do processo civilizador, expandindo as possibilidades de explicação da Teoria do Processo Civilizador para além dos mecanismos apontados inicialmente por Elias, fazendo uso de conceitos weberianos que ajudam a entender o poder das religiões em moldar comportamentos. Para abranger uma empiria na discussão, trouxemos para análise a ética do Sermão da Montanha, ensinado por Jesus Cristo no Evangelho de São Mateus, o qual apresenta avanços em um sentido civilizacional quando comparado à Lei de Talião do Antigo Testamento. Por fim, concluímos que uma síntese teórica da perspectiva eliasiana com a weberiana pode possibilitar a leitura de processos civilizadores das religiões.
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