v. 5, n. 1 (2020)

Qualis Referência será a nossa referência?

De forma quase que inevitável a relação entre pesquisadores e o qualis periódicos se tornou fortemente correlacionada. Um termômetro desta situação é que, para muitos pesquisadores, se tornou quase um hábito verificar a tabela de classificação do qualis periódicos antes de decidir uma revista cientifica para a publicação da sua pesquisa. Isso não acontece por acaso, já que o qualis tem um papel importante nas avaliações realizadas pela Capes aos programas de Pós-Graduação.
Um fato significativo é que o qualis periódicos não surgiu com o intuito de ser uma base indexadora de revistas científicas. Na verdade, o principal objetivo é representar um indicador de classificação da produção bibliográfica dos programas de pós-graduação, que por sua vez, são classificados por notas pela sua área de avaliação. Tradicionalmente, a tabela é dividida em uma quantidade de níveis mais altos e baixos, como um indicativo de graus da “qualidade” das revistas. A forma como ocorria a classificação das revistas era decidido por cada área de conhecimento, não sendo incomum à mesma revista dois ou mais níveis diferentes para diferentes áreas de conhecimento.
Hodiernamente, temos acompanhado a criação do chamado qualis referência, onde as revistas terão a mesma classificação, independente da área de conhecimento. Deste modo, a nova classificação das revistas aconteceria pela chamada área mãe, que seria a área que obteve o maior número de publicações nos anos anteriores, baseando-se em indicadores bibliográficos que nem sempre são os mesmos utilizados pelas áreas de conhecimento. Tudo isso gera um efeito imediato. Há vários casos de revistas que migraram para outras áreas de conhecimento, que não seja a própria área dos programas, e passam a ter uma classificação totalmente distinta, com qualis que era classificado por áreas. Em alguns casos, revistas que estavam nas classificações mais baixas passaram a ocupar posições mais altas e vice-versa, de forma repentina.
Essa alteração repentina acarreta consequências quase que imediatas e acaba alterando as escolhas de revistas para publicação, assim como afeta os editores das revistas, que buscam compreender como a classificação mudou positivamente ou não, inclusive aumentando o número de submissões de trabalhos em determinadas revistas com expectativa de aumento da classificação. Ou seja, apesar do objetivo do qualis ser classificar programas de pós-graduação, é praticamente impossível dissociar, pelo menos na sua totalidade, os efeitos que causam nas revistas.
Todos estes efeitos acontecem ainda baseados em expectativas de como serão as classificações das revistas. A divulgação oficial da classificação dos periódicos, que ocorrerá em 2021, conjuntamente com a próxima avaliação dos programas de pós-graduação. Além disso, vale ressaltar que os impactos desta nova classificação na avaliação dos programas ainda permanecem um mistério. Há de se fazer um balanço cuidadoso e imparcial dos pontos positivos e negativos que virão com o qualis referência. A correlação entre a decisão da revista com o seu qualis está em xeque, ademais de nos mostrar todas as dificuldades nas tentativas de aproximar a diversidade de conhecimento sob uma única classificação. Enfim, como indica o dito popular, estamos navegando em um barco que ainda está sendo construído, e tomará que seja para longe de tempestades.

Prof. Dr. Jose Danilo Szezech Junior
Diretor de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2

Sumário

Artigos

Melina Lopes Lima, Luciane Patrícia Andreani Cabral, Danielle Bordin, Bruno Pedroso, Caio Muinos Parrode de Godoy, Cristina Berger Fadel
PDF
Sâmela Basi Fagundes, Ana Claudia Garabeli Cavalli Kluthcovsky, Ana Paula Ditzel
PDF
Gislaine Cruz Dias, Guilherme Moreira Caetano Pinto, Alfredo Cesar Antunes
PDF
Luiz Gustavo Cordeiro, Caroline Lievore, Regina Negri Pagani
PDF
Ana Paula Sartorelli, Marcia Regina Cubas, Deborah Ribeiro Carvalho
PDF